Problemas durante o sono da criança podem causar sérios problemas. Os sintomas mais comuns são o ronco e apneia. O que difere dos adultos é que, nas crianças, eles podem estar sendo causados pelo aumento de um tecido atrás do nariz, chamado de adenoide, ou então pelo aumento das amígdalas, estruturas que ficam atrás da língua, nas laterais da garganta.
Tanto as amígdalas quanto a adenoide, quando aumentadas, podem acumular bactérias e causar infecções recorrentes de nariz, ouvido e garganta, além de obstruir a passagem de ar. A adenoide pode também atrapalhar a função da tuba auditiva (Trompa de Eustáquio), que é responsável por levar ar ao ouvido.
Quando a adenoide obstrui a passagem de ar pelo nariz, a criança é forçada a respirar predominantemente pela boca, o que leva a inúmeras alterações da musculatura e crescimento facial, necessitando de uso de aparelhos ortodônticos e fonoterapia para correção no futuro. Além disso, pode levar a apneia do sono, causando déficit de atenção, déficit de crescimento, sonolência, surdez, hiperatividade e baixo rendimento escolar.
A tuba auditiva tem a função de levar ar aos ouvidos. Percebemos seu funcionamento quando estamos descendo a serra e nosso ouvido “tampa”. Temos então que engolir ou bocejar, fazendo a tuba abrir para a audição voltar ao normal. Quando a adenoide atrapalha esse mecanismo, podem ocorrer problemas de audição. Inicialmente a pressão negativa nos ouvidos causa uma surdez temporária e a remoção da adenoide resolve o problema.
Porém, se isso não for realizado a tempo, podemos evoluir com produção de muco dentro do ouvido e perda mais severa da audição. Nesta fase, já é necessário, além da retirada da adenoide, fazer um furo no tímpano, aspirar o líquido e colocar um tubo para manter a ventilação adequada. Este tubo cai sozinho em 6 a 18 meses.
Caso isso não seja feito, podemos ter uma alteração do desenvolvimento do ouvido e infecções crônicas, sendo necessária uma cirurgia bem mais complexa no futuro.
A remoção das amígdalas e adenoides é um procedimento rápido e seguro, melhora a qualidade de vida e evita problemas sérios no futuro. Mas será que deveríamos operar todas as crianças?
Obviamente que não. Essas estruturas têm uma função de defesa do organismo, porém não tão importante, visto que, após sua remoção, o organismo consegue suprir totalmente a produção de anticorpos antes feitas por elas. Por isso, se estiverem acarretando problemas, devem sim ser removidas, conforme indicação médica.